Número de visitação às Unidades de Conservação (UCs) do Estado abertas ao público aumentou 92% no primeiro semestre de 2023 no comparativo com o mesmo período do ano passado, passando de 148 mil para 284 mil pessoas. Apreço pelas belezas naturais do Paraná e saúde para o corpo e a mente estão entre os motivos
Visitantes podem acessar o Parque do Marumbi de trem. Foto: Agência Estadual |
"Podemos observar a preferência das pessoas por
atividades do turismo de natureza para melhorar o humor e a vitalidade,
especialmente após o fim das medidas sanitárias impostas pela pandemia da
Covid-19”, destaca o diretor de Patrimônio Natural do IAT, Rafael Andreguetto.
Foi o que pensou o monitor do Centro de Reabilitação Jeová
Rapha (CreJer), Lucas Sperry, de 40 anos. Ele guiou um grupo de nove pessoas
pela trilha do Abrolhos, um dos tantos corredores do Parque Estadual Pico do
Marumbi, em Morretes, no Litoral. Foram 14 quilômetros de caminhada para
desobstruir a mente e ajudar na reabilitação dos dependentes químicos.
“O objetivo é tirar o pessoal daquele ambiente mais pesado,
que é bem sofrido, e oferecer experiências mais ligadas à natureza. Isso exerce
uma grande diferença na recuperação deles”, conta ele, que já programou para
setembro uma nova expedição, desta vez pela trilha que leva ao cume do pico
Olimpo, com 1.539 metros de altitude.
Além dos hábitos saudáveis, as visitas aos parques naturais
colaboram para fortalecer vínculos familiares. É o caso dos Faerber, que há
mais de 20 anos desbravam pontos de conservação no Paraná. “O meu pai foi
criado nesse meio e nos trouxe também para esse contato com a natureza. Ele
sempre me contou várias histórias que me faziam sonhar em vir aqui”, diz a
estudante Júlia, de 16 anos, que estava acompanhada da mãe, Adriane, 47, na
aventura pela trilha do Rochedinho, percurso de quatro quilômetros do Marumbi.
Parque do Marumbi. Foto: Agência Estadual |
Entre as indicações de passeios, Adriane sugere as trilhas de Encantada (4,8 quilômetros) e Nova Brasília (1,8 quilômetro), na Ilha do Mel, em Paranaguá, e o caminho de três quilômetros que levam à Cachoeira Salto da Fortuna, em Morretes. “Levamos até minha mãe, de 74 anos, que se apaixonou pela cachoeira. A gente está sempre no mato, no rio e carregamos junto as crianças desde pequenininhas”, diz ela, que é mãe também do estudante Gustavo, de 21 anos. “Nos sentimos livres e seguras. Para mim, a natureza é vida e paz, uma sensação de pertencimento”.
De acordo com o Manual de Orientação “Benefícios da Natureza
no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes”, da Sociedade Brasileira de
Pediatria, o contato com ambientes naturais colabora na prevenção contra o
sedentarismo, hiperatividade, doenças cardiovasculares, equilíbrio, coordenação
motora, aprimoramento das funções cognitivas e versatilidade, além do
desenvolvimento cerebral pleno.
Fortalecendo laços
A paixão em comum por UCs uniu ainda mais os amigos Lucas
Ferreira, de 26 anos, estudante de Química, e o ator Jonathan Lopes, de 28. No
começo deste mês eles encararam a trilha do Morro do Pão de Loth (1.300 metros
de altitude), um dos principais atrativos do Parque Estadual Serra da Baitaca,
entre Piraquara e Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba.
“Vejo que a Mata Atlântica é bem específica e nos permite
identificar patrimônios da natureza como bromélias, orquídeas e outros tipos de
vegetação da região”, afirma Lucas, que já trabalhou como consultor ambiental
em biomas como o cerrado goiano. “É sempre um momento de relaxar, esquecer da
correria do ambiente urbano e uma oportunidade de superação, de que conseguimos
chegar até o fim de uma trilha, até o alto de uma montanha”, acrescenta
Jonathan.
+Veja também: Descubra as belezas e a história do Morro do Escalvado, em Matinhos
Para a chefe do Parque Estadual Serra da Baitaca, Marina
Rampim, o crescimento do número de visitantes é também uma oportunidade de
ampliar a conscientização da preservação ambiental. “É o momento de chegar a
mais pessoas, de fortalecer esse vínculo com os bens naturais”, diz.
Unidades de conservação
O Governo do Paraná administra atualmente 72 Unidades de
Conservação catalogadas pelo IAT, das quais 29 estão abertas para visitação.
Esse montante compreende 26.250,42 km² de áreas protegidas por legislação. Elas
são formadas por ecossistemas livres de uso sustentável de parte dos seus
recursos naturais, como os parques abertos à visitação pública que não podem
sofrer interferência humana.
Essas áreas de proteção são divididas em UCs Estaduais de
Uso Sustentável (10.470,74 km²); UCs Estaduais de Proteção Integral (756,44
km²); Áreas Especiais de Uso Regulamentado (152,25 km²) e Áreas Especiais e
Interesse Turístico (670,35 km²).
O cenário se completa com as Reservas Particulares do
Patrimônio Natural (RPPNs), cuja extensão abrange 553,83 km²; terras indígenas,
com 846,87 km²; Unidades Federais, de 8.840,39 km², e Unidades Municipais
(3.959,55 km²).
Essa rede de proteção ao patrimônio natural do Estado vai
ganhar ainda mais quatro novas unidades em 2023: Estação Ecológica Tia Chica,
em Reserva do Iguaçu; Estação Ecológica Reserva de Bituruna, em Bituruna; Área
de Proteção Ambiental (APA) do Miringuava, em São José dos Pinhais; e o Refúgio
da Vida Silvestre das Ilhas dos Guarás, em Guaratuba. As futuras Unidades de
Conservação possuem, juntas, uma área total de 5.393,24 hectares.