Dicas preciosas para quem vai ficar em pensão ou república

Da Redação
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Às vezes quando vamos viajar para alguma cidade e estamos um pouco apertados de grana, ou mesmo para economizar, optamos por nos hospedar em locais mais baratos, como em repúblicas, pensões ou pousadas, pois são fáceis de entrar, tem pouca burocracia e podemos sair a qualquer momento. Porém toda esta facilidade exige alguns cuidados na questão de segurança, higiene e também para evitar imprevistos, principalmente se for a sua primeira experiencia sozinha(o) fora de casa.

As dicas de hoje são um relato da minha experiência de vários anos para quem vai morar em um lugar como este ou ficar por um tempo. 

Quando eu me mudei para Curitiba, eu optei primeiramente em ficar em um hotel e, como era a minha primeira vez ‘morando’ fora de casa sozinho – eu tinha 18 anos – eu não tinha noção de como o dinheiro ia rápido e quando me dei conta precisei procurar um lugar mais barato para ficar o mês que eu planejava ficar por lá. Depois de algumas horas de procura encontrei uma pensão, bem no centro, e para lá eu fui. Foi um pouco assustador no começo, mas acabei ficando por lá “um pouco mais” de um mês. Na verdade, fiquei 5 anos.

Como eu estava quase sem dinheiro eu não tive muita opção: ou eu ficava na pensão que dava para eu pagar ou ia embora e desistia da viagem – que depois se tornaria minha cidade do coração.

A primeira impressão
Ao entrar no prédio me deparei com quartos divididos com chapas de MDF, banheiros não muito limpos e uma cozinha bagunçada, mas como eu não sou de desistir fácil, fiquei por ali, em um quarto de 6 metros quadrados para dividir com um desconhecido que já dormia ‘no andar’ de cima do beliche. Por sorte o cara é gente boa.

Preparo
Eu não tinha nada, fui totalmente despreparado. Passei alguns dias comendo pão com creme de amendoim – que eu passava no pão usando o lacre metálico do pote porque eu não tinha talheres – e quando eu criei coragem para usar a cozinha tive outras surpresas nada agradáveis, a começar pela limpeza que não era das melhores. Por sorte, utensílios de cozinha estavam à disposição de todos, mas eu não tinha nem um isqueiro para acender o fogo, então resolvi pedir emprestado e a pessoa foi bem grossa comigo dizendo que eu deveria ter as minhas próprias coisas – e ele estava certo. 

Meu primeiro arroz nem os cachorros quiseram comer, pois ficou como uma pedra. Contudo aos poucos fui aprendendo a cozinhar e, talvez por coincidência, quem me ensinou foi o cara que não quis me emprestar os fósforos. Então a primeira dica é: tenha suas próprias coisas, desde o básico até os mínimos detalhes. A segunda dica: aprenda a cozinhar antes de sair de casa, porque pão enjoa no terceiro dia.

Posso colocar aqui também uma dica importante: Provavelmente você não fará muitas amizades, daquelas que durarão a vida toda. Mas o que você pode fazer são contatos. Seja atencioso, seja amigo das pessoas, ajude elas com o que está ao seu alcance e mantenha contato com elas, desde o gerente da empresa que você for trabalhar, até com a tia do cafezinho. Vai por mim: um dia você vai precisar de cada um deles!

Higiene
Para usar o banheiro era outro desafio: eu sou uma pessoa que tem mania de limpeza, TOC, sei lá o que, e não é nada fácil para a gente que sofre com isso usar banheiros coletivos. A gente não funciona. E quanto a isso não há dicas. Tenha um álcool em gel, sei lá. Não esqueça também de levar seu papel higiênico. Normalmente esses lugares não oferecem.


Sossego – ou a falta dele
Na hora de dormir era outro pesadelo. Eu esqueci de levar lençol e, por mais que a pensão oferecesse, você pode imaginar o quão limpo tudo aquilo estava. Então usei o cobertor como lençol e me cobri com blusas. Foram algumas noites difíceis, especialmente porque também havia barulho, pois em uma casa onde moram mais de trinta pessoas você encontra gente de todos os tipos e, infelizmente, encontra também gente mal educada, que gosta de ouvir música no último volume de noite, faz ligação para a mãe e descreve o seu dia para ela, mas que esquece que tem gente tentando dormir. 

Então a dica é: Tenha sua roupa de cama – mais de uma, de preferência. Antes de alugar o quarto pergunte como é o barulho à noite, deixe claro que você precisa de sossego. Apesar de óbvio, tem donos que não ligam muito para isso. Recomendo também aqueles tampões de ouvido, eles ajudam muito!

Segurança
Pensões e repúblicas normalmente são todas parecidas. Já visitei várias, com os mais diferentes valores e diferenciais e notei que todas fogem do controle de quem toma conta, porque são frequentadas por diversos tipos de pessoas, de diversas regiões, com culturas e costumes diferentes umas das outras. O que pode ser normal para alguns é bizarro para outros, então se prepare para um choque grande de culturas. 
Outro ponto muito importante é em relação à segurança, pois, com tantas pessoas diferentes no mesmo lugar, você não tem como saber de onde elas são e o que elas fazem ou fizeram da vida antes de irem parar ali. E não se engane: você pode até achar que conhece a pessoa o suficiente depois de um tempo de convivência, mas alguém sempre vai te surpreender negativamente e você vai aprender que não se deve confiar e ninguém além de você mesmo. 


Outra dica é: Por mais seguro que o local pareça, não deixe armários ou portas destrancadas. Se você tem valores ou bens materiais, os outros não precisam saber que você tem isso. Guarde isso para você.
Ao sair nas ruas em uma cidade que você não conhece muito bem, é preciso andar com “um olho no peixe e outro no gato”, ou seja: nada de dar sorte para o azar. Grude a bolsa no corpo, celular no bolso da frente e mochilas na mão, pois você nem imagina a dor de cabeça que dá ser furtado, sendo pior ainda quando levam os teus documentos. Fica esperto!

Economia
Quando a gente passa um tempo morando sozinho e passando por alguns apertos, a gente aprende a dar valor no dinheiro, nas refeições e em tudo o que normalmente a gente reclama quando temos quem faça por nós. Ou seja: não damos valor quando temos tudo “de mão beijada”. 
O que eu vejo muito são pessoas que vão arriscar viver fora de casa e que logo voltam – coisa de no máximo dois meses – porque na primeira compra no supermercado, em vez de comprar o essencial, abusam do supérfluo, marcas caras e coisas não necessárias e ficam sem dinheiro rapidamente, tendo que voltar para baixo da saia da mamãe novamente. A dica é: Compre o essencial para não passar fome: arroz (se puder comprar de 5kg), feijão, carne, legumes etc. e, se sobrar dinheiro, compra um luxo.


Não adianta você querer viver uma vida independente e ter que depender de alguém para te bancar até no básico que é a alimentação.

Outra dica é: Atacados são bem mais baratos, mas não aqueles que você tem que fazer uma “assinatura” para poder usar. Isso é coisa de rico e por enquanto você não tá podendo. Vai com calma.

O lado bom de tudo isso
Parece que só existem lados ruins em morar sozinho após ler este texto, não é? Mas é muito pelo contrário. Isto foi somente dicas de sobrevivência. 

Viajar ou morar sozinho e se sentir independente é a melhor coisa do mundo, principalmente pelo aprendizado, pois você você adquire uma experiência de vida que em casa você jamais conseguiria. Você vai aprender a se virar sem ajuda: cozinhar, lavar roupa, ir sozinho para os lugares, fazer novas amizades e até dar conselhos como eu estou fazendo agora. Como eu disse no começo do texto, eu queria apenas passar um mês em outra cidade, mas me apaixonei pelo lugar e fui criando raízes, fazendo de lá meu ponto inicial para outros lugares.

Quando eu cheguei em Curitiba, eu desci do ônibus na rodoviária e não sabia para que lado ir; hoje eu conheço tudo melhor que a maioria dos curitibanos. Se você tiver um bom motivo, nada é tão ruim que não possa ser driblado. Se inspire naquilo que você gosta e siga seus sonhos. O resto você dá um jeito! 

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